
Quando os nossos educandos começam a fazer desporto (Futebol, Volei, Andebol, etc...) é para dar prazer às crianças, pelo menos será sempre essa a primeira intenção, muitas das vezes são os próprios pediatras ou médicos de família que o aconselham a fazer, principalmente para desenvolver alguns aspectos sócio-psicológicos, em conciliação com a saúde e bem-estar.
Com o passar do tempo, os pais começam a ficar obcecados ao ver a evolução (ou não) do seu filho no desporto que pratica, e é aqui que começa a questão, principalmente no que toca ao futebol, embora sirva para todos os desportos, já que maus comportamentos, existem em todas as modalidades.
Infelizmente, e actualmente, 80% dos pais vê os seus filhos como "CRACKS", mesmo muitas das vezes os miúdos que nem correr sabem, mas que à vista deles doentiamente protectores são melhores do que qualquer outro que lá esteja, não aceitam que o seu educando não jogue, seja substituído, ou então não seja convocado, por uma única vez que aconteça.
Todos pensam que os seus filhos têm que ser titularíssimos e que dali sairá o sustento dos seus futuros, mas o problema é que o jeito e a habilidade, não são o suficiente para que sejam rotulados de "CRACKS", é preciso muito mais do que isso. As condições físicas, sociais e psicológicas, humildade e saber estar, são bem mais importantes do que qualquer outro aspecto, é isto que falta a 80% dos atletas que praticam futebol no nosso país.
Antigamente jogava-se por amor à camisola, tínhamos prazer no que fazíamos, andávamos quilómetros a pé (muitas das vezes debaixo de chuva) para ir treinar, actualmente isso dificilmente acontece, embora também saiba e entenda que a nossa sociedade mudou por completo, obrigado os pais a rotinas que noutros tempos eram impensáveis.
Os pais vêem o futebol como um investimento, “vou pagar, preciso de ter um retorno.”
Muitas vezes os filhos até preferiam outro desporto, mas os pais dizem:
"- não, vais para o futebol, porque é ali que está o futuro ".
Uma percentagem enorme nem se preocupam com a escola, querem é que o seu educando jogue e faça muitos golos, sempre na expectativa de que um dos "scouts" que trabalha para os grandes clubes, esteja atento, e o venha buscar ($$$$$).
Isto é um erro, com este tipo de comportamento e pensamento prejudicam uma equipa, o clube e consequentemente o seu próprio filho. Mas para esses está tudo bem, o que dizem, fazem ou falam é que está correcto, mesmo ficando mal perante as pessoas que os rodeiam, e que em certas alturas até dizem " Amém ", mas quando viram as costas, sussurram com o do outro lado, " este gajo é doentio ".
Os encarregados de educação não ajudam em nada na evolução do seu filho, continuam sucessivamente a individualizar, e não é isso que deveria de acontecer porque estamos a falar de futebol (jogo colectivo), porque se realmente vêem o seu filho como um só, deveriam mudar de desporto. Para isso existe o Ténis, Pingue-pongue, Natação, Equitação, etc...e aí sim, poderiam dizer que realmente era melhor ou pior do que o outro, já e haveria um despique directo “ mano-a-mano”.
Futebol é muito mais do que um jogador, é uma equipa, que tem que trabalhar em conjunto, todos para o mesmo lado, e isso até pode ser feito com a ajuda dos pais, desde que entendam o seu lugar ou o tipo de ajuda que podem dar (mas não sabem).
A ajuda que dão, é que quando os filhos são substituídos, não jogam ou então não são convocados insurgem-se contra o treinador e direcção, pedindo satisfações, mas infelizmente ainda fazem coisas mais graves, vão para os jogos torcer pela equipa adversária, como aconteceu neste fim-de-semana num jogo de iniciados onde estive presente.
Isto é muito grave, como querem que os filhos se tornem "CRACKS" com esta mentalidade e educação trazida de casa. Como querem que um treinador coloque em jogo atletas que se preocupam em fazer fintas bonitas mas fracos psicologicamente e não conseguem cumprir tacticamente o que é pedido pelo seu mister, preocupando-se mais em ouvir as indicações do pai, tio ou avô na bancada do que o próprio responsável pela equipa, que prefere passar a bola a um " amigo " que se encontra em má situação para a receber, do que efectuar um passe para outro que fica isolado para a baliza com grandes hipóteses de fazer golo.
Eu não quero com isto criar conflitos entre os pais e o clube, ou mais precisamente EU, quero sim sensibilizá-los para o mal que continuam fazer aos próprios filhos, muitas vezes mentindo-lhes, dizendo-lhes que são melhores que A, B, C ou D só para os meninos não ficarem tristes ou a chorar, criando com isto um mau estar entre atletas e treinador.
Com este tipo de atitudes o atleta deixa de treinar bem e começa efectuar o que é solicitado sem o mínimo de vontade, prejudicando um grupo completo mas principalmente a ele próprio.
É no grupo (Pais) que os clubes têm actualmente o maior número de problemas, e é extremamente urgente que as colectividades assumam a responsabilidade da educação dos encarregados de educação. Existem imensos livros e flyers para que este tipo de comportamento seja mudado, mas infelizmente nada disso tem resultado, porque a maioria nunca se deu ao trabalho de ler um deles que fosse, e é nesse sentido que volto a escrever aqui neste blogue sobre tal comportamento, já que me preocupo bastante com o rendimento e desenvolvimento de todos os jovens atletas deste fantástico clube, e se todo este tipo de comportamento continuar, muitos dos nossos jovens atletas com grande valor (os que EU intitulo de CRACKS) continuará a ser prejudicado pelas pessoas que mais gostam deles, os PAIS.
É assustador o número de encarregados de educação que fala para os seus filhos durante os treinos ou jogos, interferindo no trabalho que foi solicitado pelo treinador, baralhando por completo a criança. - A quem obedecer? - Pai ou treinador?

O papel dos pais no futebol é extremamente importante, e eles próprios também jogam, mas tem que ser pelo lado positivo. O papel deles passa pelo incentivo, dando-lhes motivação a aplaudindo (todos) mesmo que as coisas não corram de feição em termos individuais ou colectivos. Se assim for, no final da partida, enquanto regressam a casa, conversem, tentem dizer o que gostaram ou não, mas sempre de uma forma construtiva, nunca deitando abaixo ou desmoralizando a criança/jovem. Desta forma estão a ajudar na evolução, dando-lhes uma auto-estima, mantendo-os sempre motivados para prática de um desporto que é colectivo e que eles adoram.
Para reflectirem e nunca para gerar conflitos ou más interpretações.
Cmpts
Pedro Fonseca.
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